sábado, 3 de julho de 2010

O diário secreto de Sarah - Parte I

Era de madrugada quando acordei. Meus sonhos havia me assustado terrivelmente. Logo após alguns minutos pensando em tamanha bobeira que havia me perturbado, percebi que não se passava da minha realidade. Ela não me abandona em nenhum momento, me acompanha sempre. Mesmo que eu implore, ela não me deixa nunca. A minha realidade consistia em coisas como: Jason e Dean.
Jason me desejava. Queria parte de tudo que era meu, e mesmo que eu quisesse dizer não, seu rosto angelical me fazia mudar de idéia na mesma hora. Sempre que queria, tinha seus braços me envolvendo. Porém, enquanto seus beijos me cobriam de prazer, eu imaginava Dean, com seus defeitos e qualidades me fazendo delirar. Dean tinha de ser meu Jason se sentia meu proprietário. Estávamos ambos sendo enganados.
Amanheceu e como de costume, eu havia dormido pouco. Fui a escola e estava desatenta. Minha cabeça só pensava em minha cama, meu quarto e em meus olhos fechados enquanto eu tinha sonhos ou não. Foi então que, quase dormindo, vi Dean vindo em minha direção e por distração, derrubei meus livros. Os olhos Dean encontraram os meus pela primeira vez. Eu me perdi. Ele sorriu e veio em minha direção. Abaixou-se para me ajudar. Eu o agradeci e assim que terminei de pegá-los, corri corredor afora. Ele, de longe, continuara me olhando e, creio eu, imaginando a quão tola eu fui. Que garota em plena faculdade deixa seus livros cair quando vê alguém que a encanta? É, este era o efeito de Dean sobre mim.
Aquele dia, as aulas haviam me deixado perdidamente estressada. Cheguei em casa e a primeira coisa que queria era um banho. Minha mãe havia preparado um discurso extremamente cansativo sobre como minhas tarefas domésticas haviam diminuído. Implorei para que ela fizesse silêncio e disse calma e em voz baixa:
- Tudo bem, mãe, amanhã voltarei a fazer todas as minhas atividades diárias.
- Muito bem, Sarah, pois não agüento mais fazer tudo sozinha. Você apenas estuda, pode muito bem me ajudar.
Recusei-me a responder. Estava cansada demais para movimentar meus lábios novamente ou pensar em algo que não deixasse minha mãe chateada e fosse gentilmente uma resposta decente.
Subi até meu quarto. Abri a porta e lá estava minha cama desarrumada. A preguiça estava me matando. Desde que comecei a faculdade não houvera um dia que arrumei minha cama antes de sair. Joguei minha bolsa com os meus livros em cima da cama. Retirei o uniforme, peguei a primeira toalha do armário. Enrolei-me nela e fui até o banheiro. Abri a porta. Não havia ninguém. Ótimo, poderia tomar meu banho sem que houvesse perturbação ou espera.
A água caia sobre minha cabeça e me fazia refletir sobre os acontecimentos daquela manhã. Dean havia me visto, creio eu que pela primeira vez. Ele era tão mais jovem de perto. Era educado. E simpático. Resolvi me privar de dar-lhe qualidades, afinal isso só me faria pensar cada vez mais em como ele era essencial a minha mente.
Victoria (Sim, este é o nome da minha mãe) estava gritando de um jeito que se tornou impossível não ouvi-la.
- Oi mãe, o que quer? – Perguntei sem paciência alguma.
- Nada, Sarah, só quero que saia deste chuveiro e venha almoçar. Está pronto.
Ela adora se intrometer. Em tudo. Agora até no banho! Antes que brigássemos, obedeci a suas palavras de “autoridade”. Sai do banho, me enxuguei, coloquei a toalha sobre meu cabelo molhado e desci para almoçar. Como previsto, houvera outra reclamação, típica de minha mãe.
- Já não te disse, mil vezes, que é uma tremenda falta de educação essa sua toalha na cabeça enquanto almoçamos. Você não perde uma oportunidade de me irritar, não? Parece que gosta!
- É que meu cabelo estava molhado, mãe, mas tudo bem vou tirá-la.
Perdi a fome. Uma colher de arroz com minha mãe me infernizando bastou. Resolvi ficar no meu quarto e não ver a cara da Dona Victoria durante uma boa parte do dia.
Perdi-me em minha cama. Aquele edredom em um tom de roxo escuro encobria meu corpo de um jeito confortante.

[...]