terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Sem Remetente

Tomei dois goles de café. Olhei pro tempo e sussurei como reclamação: chuva, de novo. Peguei um guarda-chuva. Precisava me manter acordada, então tomei o resto do café que havia no copo.
Era uma sexta-feira, então eu teria de ir trabalhar. Motivador. Eu queria mesmo era dormir, porque estava cansada de abrir os olhos e enxergar coisas erradas. Queria comer e dormir, somente isso.
Sai de casa, peguei as cartas na caixa de correio e passei em uma padaria e comprei meu doce, como todos os dias. Porém, uma coisa fiz de diferente: resolvi ir andando ao serviço. Tinha tempo, sai mais cedo pra sentir o vento e as leves gotas de chuva em meu rosto. Abri o guarda-chuva pra não chegar ensopada de água no escritório.
Andei durante vinte minutos. Cheguei a Marie Claire e como de costume, agradeci, antes de passar pela porta de entrada, por conseguir o emprego dos meus sonhos. Eu era a editora chefe da revista, e não me importava em andar a pé. Era a vida que eu queria, jogada em minhas mãos.
Passei pela porta, dei bom dia a Carl. Subi o elevador e quando cheguei ao meu andar, fui direto a minha mesa. Sentei. Tirei as cartas de minha bolsa e começei a abrir. Cobrança, cobrança, cobrança, cobrança. Ótimo, nada de novidade.
Mas, uma não era cobrança. Era uma carta sem remetente, com letra conhecida escrito o destinatário. Abri a carta.
"Desculpe, eu sei que pode lhe parecer estranho, mas eu deixei pra depois mesmo. Pedi que colocassem no correio se eu morresse antes de você. Não é legal, mas eu precisava lembrar a você que nada está perdido, principalmente meu amor eterno que eu tanto lhe prometi."
Me veio o nó na garganta. Por que eu ainda havia de me lembrar? Eu mesma respondi, só que em voz baixa: Por mais que eu achasse que é a vida perfeita, basta uma batida mais forte do meu coração pra eu perceber que não é. Basta o meu ouvido ser invadido por certo nome que eu sei que falta tudo. Eu só tento fingir o errado, mas na verdade, o certo não existe. Porque o certo se foi assim que você deitou-se naquela caixa marrom horrível e parou de falar, sorrir, olhar... respirar. Parou de dizer o quanto me amava.
Obrigada por lembrar, por me fazer lembrar. E a propósito, eu também te amo.

Naquela noite

Depois de algum tempo, eu descobri o lado bom da vida bebendo. Sai com os meus amigos e resolvi exagerar. É, nem eu imaginava, afinal eu sempre fui considerada a certinha e o tipo de pessoa que nunca pensa em coisas boas atraves de travessuras.
Eu parei de pensar nas coisas que eu achava que me faziam bem, dos problemas, dos estudos, da minha vida. Meus amigos perguntavam se eu havia enlouquecido e eu só dizia "estou curtindo minha vida, não é isso que voces dizem pra eu fazer?"
Cai na rua, passei vergonha. Tive que ser levada pra casa por pessoas desconhecidas. Minha mae surtou, disse que eu nao podia fazer isso com ela, que eu era o exemplo e estava chegando bebada. Eu só ria. Tomei banho, deitei na cama, levantei correndo. Vomito. Prazer, ressaca.
Enquanto eu vomitava tudo, começei a me lembrar porque eu havia cometido tamanha estupidez. Henri. Ele havia prometido amor por mim e no final era tudo mentira. Eu larguei de ser a estudiosa para ser a tola apaixonada. No final eu, como minhas amigas ja adivinhavam, eu acabei sem nada. Tentei beber pra esquecer, e só me fez ficar pior.
Ficar tão ruim que descobri estar doente. Mesmo antes nunca ter colocado uma gota de alcool na boca, eu não podia beber. Alcool tampava minhas vias respiratorias e me fazia morrer em dose exagerada. Eu não sabia.
Enquanto vomitava, percebi que faltava respiração. Tentei gritar, mas nao consegui. Me lembro de ter desmaiado e minutos depois, ver meu corpo caido no chao do banheiro sem reação. Lembro da preocupação da minha mae me vendo sem respirar. Ela gritava, sem ao menos conseguir pedir ajuda.
Eu morri ali, nos braços de quem realmente me amava. Enquanto eu morria de amores por alguem que era só ilusão, eu estava bem e não percebi a doença.
Os médicos contaram a minha mae que eu estava doente e que teria de me cuidar. Depois de assimilar tudo entendi o que ela sempre me dizia. "Seja estudiosa, não abuse em coisas proibidas. Não é certo e não lhe faz bem."
Voce chorava como criança no meu enterro. E pedia pra que alguem me tirasse dali. Eu via sua dor, só não acreditava. Porque quando você viu a minha dor ao te perder, você não acreditou.
E eu não voltei, porque quando você teve a chance de me ver voltando, falhou. Na vida só existe uma chance, faça valer a pena.
Fui, e você ficou, só com as lembranças, pensamentos e sonhos pertubadores da noite em que me deixou para que eu pudesse tentar morrer. Sim, eu consegui. Você conseguiu, parabéns.

She, He... Love

S: Ora essa, o que faz aqui?
H: Lembrei de mim, procurei você.
S: Você não está mais em mim, vá te procurar em outro lugar.
H: Eu estou onde quero estar, não onde você quer que eu esteja.
S: Mas eu sempre quis que você estivesse aqui, você que nunca ficou.
H: Porque não era a hora.
S: E quando vai ser então?
H: Agora.
S: Mas agora não tem.
H: Enquanto existir desejo, terá.
S: Tem vontade, não desejo.
H: E se eu te beijar terá desejo?

(silêncio... beijo demorado)
S: Terá amor.

Solidão pra quem consegue lidar

Descobri que precisava pensar. Talvez, depois da adolescência aproveitada, minha vida me daria tempo pra pensar. Talvez, o mundo, depois de tantas guerras e fracassos, automaticamente daria essa oportunidade. Ou então não existia tempo de pensar, tempo pra pensar. O mundo, o tempo, as pessoas passam rápido demais.
Mesmo sem nada a meu favor, eu precisava. O meu mundo estava diferente. Não melhor, nem pior... apenas diferente. Eu queria mudança sem ação imediata. Queria e precisava pensar. Foi então que encontrei tempo no medo, na solidão, na falta de tempo. Descobri medos no certo e solidão no amor perfeito (até então era). Perdi o tempo, enfrentei o medo.
Deixei a solidão pro mundo porque no amor eu não sei praticar um verbo sequer.

The monkey man

Vou comprar um macaco. Talvez, pra alguns, possa parecer uma idéia bem estranha, mas não. Quero entender, já que acredito na evolução do macaco até ser humano, como podemos ser tão piores que macacos. Melhor: quero entender como homens vieram do macaco.
Caçarei suas pulgas e carrapatos. Vou lhe dar amor e carinho. Sera que ele me tratará igual a você, com arrogância e desafeto? Estará sempre me criticando, observando apenas meus defeitos? Talvez eu até me apaixone. Tudo bem, não vou me apaixonar, mas talvez eu prefira ficar vivendo amiga de um macaco do que "namorado" de um lagarto. Está mais pra crocodilo, réptil, pele, coração, alma fria.
E então, depois de descobrir tudo sobre o macaco e achar algumas semelhanças com você, vou lhe dar duas opções: te dou uma cascavél ou um urso panda. Você escolhe, aprende e depois faça escolhas.
Só lhe adianto que cascavél é a asquerosa que você chama de namorada, e urso panda eu, a amante. Esperta, violenta, mas sei muito bem quando usar.
Pois bem, estou usando agora, pra me defender de um homem macaco mal formado.

Se...

Você acreditaria se eu te disesse que quando eu sei que vou te ver, meu coração bate mais forte? Que quando eu não te encontro em lugar algum, meu peito aperta, me fazendo acreditar que não existe mais coração? Que minha respiração, mesmo ofegante, é melhor com você por perto? Que minhas mãos, involuntariamente, vão aos seus cabelos quando têm vontade? Que você foi o único que desde o começo eu consegui olhar nos olhos enquanto dizia que me amava? Que eu tive medo de perder desde o primeiro beijo? Que eu dou risada das coisas bestas que você faz mesmo depois de dias? Que eu nunca me senti tão completa em tão pouco tempo?
E se eu te disser que quero tudo isso pra sempre, acreditaria? É, eu te amo.

Eu amo... amar você

Não é que eu gosto de você. Eu tenho arrepios, que vão da cabeça aos pés toda vez que voce chega bem perto. Tenho pensamentos felizes toda vez que te vejo sorrindo. Eu tenho vontade de cantar, toda vez que sua voz invade meu pensamento e me diz exatamente aquilo que desejo ouvir. Tenho mania de caretas quando você sorri. Não é que eu sou uma maníaca viciada em você. Eu apenas fico te olhando enquanto seu sono chega e seus olhos vão se fechando. Fico vendo voce sorrir enquanto eu digo algo engraçado. Fico olhando seus olhos brilhando enquanto me olha. Eu fico prestando atenção em cada movimento seu, pra ver se percebo um desconhecido. Eu fico olhando fotos, vendo suas mudanças, vendo minha cara refletida na sua. Não é que eu gosto ou sou viciada em você. Já passou disso. Hoje, e por muito, muito tempo, eu vou é te amar, sem me esquecer de nenhum detalhe e perfeição sua.
Sim, eu vou te amar o quanto a gente quiser, o quanto eu puder.

Amigo é amigo

Por mais que a gente não queira, se distancia. Cada um vive sua vida, faz tuas coisas e se esquece de algumas coisas. Esquece das conversas, dos telefonemas, das chamadas de video, das caretas, das promessas. Simplesmente esquece. A culpa é tua, é minha. De ninguém. Um dia lembra mais, um dia menos. Um dia dói, no outro fica feliz por tudo ter acontecido.
Você ainda é aquele que eu chamo de remédio. É aquele que eu vou visitar e ficar feliz por conhecer. Você é meu melhor amigo a distancia e nunca vai existir outro igual. Mas a distancia existe, acredite! E nós só nos adaptamos demais a ela.
Volta pro meu computador e diz que está tudo bem. Que não tem segredos de mim.
Me faça sorrir, porque eu amo você.

Destino Incompreensível

Só me diz que eu estou ai dentro, porque voce está aqui. Tem dias que mexe, dias que fica parado esperando eu te chame. Dias que me faz sentir saudade, que me faz sentir vontade. Vontade de você. De saber ao certo se tudo isso um dia ia ou vai existir. De saber se todos os nossos planos e promessas irão ser cumpridas. Se nosso destino foi realmente ligado ou se nós quem nos metemos.
De qualquer forma, você me ligou a você, e não há como soltar. É como uma relação eterna, que mesmo com toda distancia, a distancia não existe quando existe um sorriso, quando existe aquela voz dizendo o que eu exatamente queria ouvir. É a sua voz.
Será que se eu tivesse mudado meu passado isso iria continuar? Talvez daqui dias, meses, anos, tudo volte ao normal. Todas as promessas e planos voltem. E eu esteja dentro de você do jeito que era antes. Do jeito que nos enxergavamos antes.
Com o coração.

Tudo menos amor

Acendeu um cigarro de marca desconhecida. Cansou de esperar conseguir dinheiro para aquele que gostava.
Resolveu ler um livro, escrever versos, tentar aprender musicas em francês. Tirou pedaços importantes do livro, afinal precisava estudar pra prova da faculdade.
Ela tinha que pensar. Estava confusa demais quanto aos seus sentimentos, pensamento, coração. A cada cinco minutos seu coração batia mais forte. a cada verso de musica traduzida, sua pupila dilatava e seu pensamento ia longe, ia no passado. Ela queria dizer. Queria soltar todas as palavras engasgadas em sua garganta. Queria pensar, mas não pra dizer. Queria sonhar, mas não com o que a estava incomodando. Pudera ela ter escolhas! Tudo, mas tudo mesmo que ousasse fazer, tinha interferencia de tal nome, tal cigarro, tal face. Ela queria, ela um dia quis, e ainda quer.
Deixou a faculdade, os livros, a musica, o pensamento pra lá. Deixou que a fumaça invadisse a sacada de seu apartamento. Deixou a mente esvaziar e seu coração secar.
Desistiu de pensar. E de fumar, pra sempre, aquele cigarro que tanto queria. Que fumavam juntos quando seu coração ainda batia.

Somente a mim

Eu chorava muito. Me lembro da maquiagem que havia feito estar completamente borrada. Meu peito implorava gritos, amor, coisas reais, coisas verdadeiras.
Eu queria tanto que tudo que me dizia fosse mentira! Você se esqueceu de todo o amor que me prometeu, de todas as promessas de nunca me abandonar.
- Quando o ser humano é fraco, o amor torna-se uma mentira. Vá, leve seu coração e não o traga nunca mais. Me abandone, e que seja pra sempre.
Foi a unica coisa que eu consegui te dizer em meio das lágrimas. Você, então, se foi. Meu peito se esmagou, desejou mais uma vez que eu gritasse pra você voltar, mas eu não obedeci.
Fiquei calada, sentindo que mesmo sofrendo, seria melhor. Eu havia me tornado dependente de você, e não era algo necessário. Eu precisava saber viver sem alguém, viver por mim, viver comigo. Precisava lembrar que, há três anos atrás, antes de você aparecer, eu tinha amigos. Eu precisava de tudo isso pra enxergar que mesmo parecendo, eu não estava sozinha, vazia.
E foi então que, olhando você partir, eu percebi que não havia mais necessidade de tanto. Eu estava ali, comigo mesma, fazendo tudo dar certo, mesmo cometendo erros.
Eu perdi um motivo de sorrir pra aprender a sorrir sozinha.

Inverno

Tudo fugiu de novo. As palavras, que eu tanto queria dizer, foram aos poucos se esquecendo da minha mente, do meu corpo, do meu coração. Parece que vomitei, que ao invés de comida, foram palavras. Elas não queriam ficar dentro de mim e então, o pouco que sobrou porque eu forçei, se escondeu.
Me falta tudo e nada ao mesmo tempo. Está tudo aqui, bem dentro de mim, pronto pra ser passado, pra ser mostrado ao mundo mas este tudo não quer. Prefere ficar escondido, fingindo ter sumido, ido pra outro canto.
De que me adianta agora? Nada faz sentido, nem meu sorriso mais. Meus olhos suplicam pensamentos, mas minha boca engole seco tudo que queria soltar. Solte, me liberte! Eu preciso que esse nó se desfaça pra que eu possa... dizer aquilo a você. Aquilo mesmo, que eu prometi semana passada, que venho lhe prometendo há um mês mas não tenho coragem.
Minha coragem, meu pensamento, meu tempo, minhas palavras, tudo foi levado pra um lugar quente, porque aqui, no meu peito, estavam morrendo de frio. Claro, meu coração ultimamente congelou junto com o inverno. O inverno que seu amor me trouxe.

Amnésia

É engraçado como você não me reconhece mais. Parece que sofreu amnesia, ou algo do tipo, que te fez apagar totalmente seu passado. Eu faço parte dele, mas seria bem melhor se fosse do presente.
Eu lembro quando você entrou na minha vida. Quando entrou em casa e me viu quase nua. Você ficou tão vermelho! Naquela época nós éramos inocentes. E eu acreditava na amizade, no amor.
Tudo mudou tão rápido. Um dia estavamos nós tentando dar uma chance ao futuro, e o presente foi levado pro passado, pro esquecimento. Eu fico meses sem lembrar, sem pensar, sem olhar pra trás e perceber que você esteve ali. Mas as vezes, como tudo na vida, eu lembro.
Eu não queria lembrar, não mesmo. Eu queria ser igual a você: Olhar e fingir que é transparente, que nem sequer te conheci; Esquecer de tudo que vivemos num passe de mágica, como se fosse simples e indolor.

Mas eu não consigo. Eu ainda te amo.