quinta-feira, 22 de abril de 2010

Assim como o ar me parece vital

De que adianta ter coração e não conseguir fazê-lo bater? Foi a única pergunta que consegui fazer ao meu cérebro. Depois que Nate foi embora, pra uma viagem talvez sem volta, eu não fazia nada além de lembrar: lembrar do tempo que meu coração tinha motivo pra bater, que meu corpo suava de prazer junto ao dele, que meu choro era feliz, que meu sorriso era bobo, que meus olhos lhe ofereciam minha sentença eterna: ficar perdidamente apaixonada por você. Não conseguia respirar. Estava tudo impossível. Meus olhos jorravam água como se fosse uma cachoeira. Queria Nate comigo.
Enquanto meu choro fazia eco naquele cômodo vazio de coisas úteis, meu celular insistiu em repetir aquelas palavras como uma facada: "é tão certo quanto o calor do fogo, e eu já não tenho escolha, eu participo do teu jogo". Chorei mais, pedindo pra que, pelo menos daquela vez, fosse a última. Mas antes que a música tocasse sua segunda vez, eu notei que não havia colocado. Ela tocara sozinha. Peguei o celular e lá estava teu nome, em perfeito estado, me ligando e pedindo que eu atendesse. Engoli as lágrimas e apertei atender. Era minha única solução.
"Quem disse que te abandonei?" disse ele com voz de riso, como se estivesse esbanjando motivo para sorrir.
"Ninguém precisa dizer. Você sumiu! Como ousa esquecer meu número?" respondi com certa frieza notável.
"Não esqueci. Nunca esquecerei. Só não pude te ligar e dizer que te amo antes."
"Não acreditarei mais, Nat. Isto não passa de uma mentira." Ele parecia amar meu sofrimento.
"Tudo bem, não vou insistir. Só quero que desça tua escada e venha até a sua porta. Pedi que um amigo deixasse um presente para você" Disse frio como gelo.
Desci, mesmo fingindo tamanho desinteresse, correndo para ver o que me esperava. Abri a porta e realmente, uma caixa branca de bolinhas pretas e laço laranja (ele sabia exatamente meu gosto) me esperava. Sua respiração desapareceu do interior do meu celular. Fechei-o e abaixei-me para pegar a caixa. Assim que levantei o encontrei. Lá estava Nate, como sempre amei, com sorriso bobo, totalmente apaixonado. Custou um largo tempo para acreditar que era verdade e que, mesmo depois de tudo que fizera a ele, ele me amava.
Seria assim eternamente? Sim, ele havia vencido e levado parte do meu coração com ele. Junto ao dele. Minha respiração voltara. Meu coração, em suas mãos, batia e ele achava graça nisto. Meus olhos condenavam: eu o amava agora. Para, talvez, sempre.

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