sexta-feira, 30 de abril de 2010

Sono Profundo

Estranhamente fria. Assim que me senti depois daquele dia terrível. Havia doído como antes, do jeito que eu sempre esqueço. Parecia um sonho. Ou eu gostava de pensar que viver sem a respiração de Allan era um sonho.
Logo depois de tanta luta não houve jeito: mesmo assim ele estava decidido em partir. Allan me deixaria porque, dizia ele que, era incapaz de amar um ser tão complexo como eu. Complexa, eu? Talvez somente um pouco madura, mas para ele era difícil entender isso.
Voltei para casa andando e pensando que quando chegasse à minha porta ele estaria lá esperando. Não estava. Meu choro que antes era de perda, tornou-se de desilusão.
Prometi a mim mesma que depois de sofrer, não acordaria. Iria dormir até que tudo mudasse ou pelo menos melhorasse. Atordoada pelos meus próprios pensamentos, resolvi invadir meu edredom e engolir seco todas as lágrimas que me restavam (se é que restavam). Peguei meu calmante adquirido em uma farmácia qualquer e tomei. Desceu como fogo. Bebi a água contida em um copo laranja que estava no meu quarto desde a noite passada. Parecia que havia sido envenenada. Meu sono veio e ofuscou meus pensamentos, mas Allan ainda dominava algo: meu coração.
Supliquei que aquela coisa de batimentos descompassados parasse. Me obedeceu. Parou. Por toda a eternidade.

(Amanda Ferreira)

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