terça-feira, 13 de outubro de 2009

Parte I - Remoendo Demônios

Era noite e eu descobri que estava perdida. Os faróis de carros pareciam raios solares querendo me cegar. Eu havia tentado fugir de minha antiga vida para adquirir paz, não morrer atropelada.
Estava cansada de sofrer. As pessoas ao meu redor não se importavam mais, ou melhor, chamavam minha tristeza de drama. Não é drama! Que culpa tem eu de escolher pessoas em épocas de amadurecimento para oferecer o meu sentimento mais intenso, puro e sincero? É talvez toda.
Hoje, até meus pensamentos me enganam. Mascaram meus sentimentos e me fazer crer que estou vazia e pronta novamente, mas não estou. Eu lembro quando Augusto disse que ficaria para sempre, que nossas vidas estavam interligadas até a eternidade.
Augusto. O homem (talvez ainda criança) que despertou em mim o sentimento mais sincero; que sempre que me olhava, trazia o sorriso aos meus lábios. Creio que nele existiam forças sobrenaturais, pois eu era puxada, levada a ti como magnetismo. Você é uma fonte rica de vida que fazia meu dia melhor. Retirava meu ar com suas declarações e me fazia esquecer-se de pensar enquanto nossos beijos.
Assim como chegou, Augusto se foi: rapidamente. Foi levado por outro caminho e esqueceu-se de ao pior chamar. É uma lástima, pois me acredito que um dia estará como estou: tentando esquecer.
Finalmente cheguei a casa. Estava tão exausta que me privei de primeiramente retirar os sapatos. Deitei no sofá e me perguntei se havia alguém além de mim naquele lugar. Todos haviam saído, estava sozinha. Eu e meu pensamento. Ótimo, então podia ficar ali mofando despreocupada com as responsabilidades do dia-a-dia. Coloquei o fone de ouvido, mp5 no colo e comecei a relembrar de quando nunca estava sozinha. Sofria de depressão agora? Mas só me faltava isto!
As tardes,quando tinha companhia,passavam mais rápidas. Eu me lembrei de meu sorriso sincero (coisa que ultimamente é difícil acontecer) por falas banais de meus amigos; lembrei de chegar a casa e encontrar minha mãe deitada, ao mesmo sofá que estou agora, assistindo novela, jornal ou até mesmo comerciais, de poder ficar acordada para ver meu pai chegar e lhe dar um "oi”, ter tempo para conversas familiares; de dormir até onze da manhã, acordar e ir à escola.
Percebi que, de um tempo pra cá, me sinto sozinha.

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