terça-feira, 13 de outubro de 2009

Parte II - Remoendo Demônios

Mesmo sabendo que o fato de achar que estou sozinha é mentira, continuo sentindo isso. Se depender dos meus amigos, mesmo após a morte, eles estarão comigo. A solidão me veio desde que perdi Marcela, que se foi para sempre, deixando-me vazia de irmandade.
Peguei-me pensando em minha irmã. Marcela fora tão importante para minha existência que hoje quando penso no tempo que estou sem sua companhia me causa arrepio. Um ano e três meses. Engraçado, mas na maioria das vezes o tempo passa e nós não damos conta. Eu não a vejo há tanto tempo e parece que a conhecia pouco. Apenas quinze anos! Ela fez parte de uma parcela de minha vida e foi tão importante. Todos os nossos momentos foram incrivelmente bons.
De repente, a porta fez um alto barulho. Assustada, a olhei fixamente esperando alguém entrar. Ninguém, apenas uma forte ventania. Eu estava bem se lembrando de minha irmã, por que logo agora aquela ventania tinha de me atrapalhar? Muito bom.
Desisti de esperar alguém entrar e deitei novamente no sofá. Fechei os olhos e apertei o botão do mp5 para mudar de música. A outra música ocupou minha mente com as frases gritadas pelo cantor. Custou-me para identificar, pois nunca havia parado realmente para ouvi-la. Como tinha músicas que não conhecia ali? Estava esquecida também. De repente, aqueles gritos ecoaram em minha mente: "e quando você não esperar vai doer e eu sei como vai doer; e vai passar como passou por mim [...] vai rezar pra esquecer, vai pedir pra esquecer, mas eu não vou deixar". Augusto! Ele voltou ao meu pensamento como se nunca o tivesse deixado. Fazia parte dos meus dias pensarem nele, era inevitável. Eu sibilei, gritei para que meu corpo escutasse o que eu necessitava fazê-lo entender.
- Saía! Eu não quero lembrar o que eu fui pra você - comecei a cantar junto a música. - uma simples distração pra você esquecer. Eu não quero lembrar que chegamos ao nosso fim. Eu não quero lembrar que eu vou acordar sabendo que seus olhos não vão me encontrar, eu não quero lembrar que tudo acabou pra mim. - quando olhei, percebi que a almofada abaixo do meu rosto estava molhada. Agora surgiu o choro? - chega Augusto! Eu não quero mais sofrer por você, cansei disso! Preciso saber viver sem você.
Eu havia cansado, chorar cansa! Na verdade, dá um sono irritante. Eu fui perdendo os sentidos e quando me dei conta, estava sonhando.

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